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Trabalhando a Comunicação não violenta no Ensino Fundamental - Anos Finais

Por Professor Hermes Leandro

Em 2025, assim como em todos os anos, iniciamos nossos estudos coletivos - com toda a equipe do colégio. 

Como de costume, tivemos vários assuntos em pauta, mas um deles teve maior destaque: a comunicação.

Participamos de uma atividade com todos os colaboradores com o objetivo de conhecer, discutir e exercitar a Comunicação Não Violenta, além disso, ao longo do primeiro trimestre, foram oferecidos grupos de estudos sobre o tema, encontros online para a discussão de todos os capítulos do livro de Marshall Rosenberg.

Neste primeiro trimestre, tive a oportunidade de trabalhar com os alunos dos Anos Finais, na disciplina de Eletivas o mesmo tema, baseado no livro Comunicação Não Violenta, de Marshall Rosenberg. 

A escolha do tema foi motivada pela necessidade de desenvolver, em sala de aula, habilidades relacionadas à escuta ativa, autoconhecimento, empatia, acolhimento, autorresponsabilidade e resolução de conflitos — competências socioemocionais que se tornam cada vez mais essenciais no contexto escolar e social.

A discussão do conteúdo do livro permitiu que os alunos refletissem sobre o que é a comunicação, a forma como se comunicam com colegas, professores, familiares e consigo mesmos. Mais do que um conteúdo teórico, a Comunicação Não Violenta (CNV) se mostrou uma ferramenta prática, que foi sendo incorporada de maneira gradual e significativa, no cotidiano da turma e do colégio. 

Compreender os quatro componentes da CNV — observação, sentimento, necessidades e pedido — proporcionou aos alunos uma estrutura clara para repensar suas interações e respostas diante de situações desafiadoras, bem como envolver suas famílias nessa importante reflexão.

Durante as aulas, trabalhamos com dinâmicas de escuta, estudos de caso, dramatizações e rodas de conversa que favoreceram a aplicação dos conceitos em contextos reais. Muitos estudantes relataram que passaram a perceber suas reações automáticas com mais consciência e, em alguns casos, mudaram a forma como expressam frustrações ou lidam com conflitos. Foi especialmente enriquecedor ver alunos, que antes evitavam se posicionar, participando de forma mais segura e respeitosa das discussões.

Também recebemos contribuições de algumas famílias, agradecendo e partilhando situações em que todos se beneficiaram pela nova perspectiva que a CNV nos oferece.

A abordagem proposta por Rosenberg dialoga profundamente com os princípios de uma educação humanizadora, que valoriza o diálogo, o respeito mútuo e a cooperação. Nesse sentido, o trabalho desenvolvido não apenas contribuiu para o desenvolvimento pessoal dos estudantes, mas também ajudou a melhorar o clima relacional da turma como um todo.

Trabalhar Comunicação Não Violenta na disciplina de Eletivas foi, sem dúvida, uma experiência transformadora, que evidenciou o poder da linguagem como instrumento de conexão e mudança. Mais do que um conteúdo, deixamos sementes plantadas para uma convivência mais consciente, empática e respeitosa — dentro e fora da escola, como podemos verificar pelos depoimentos dos familiares de nossos alunos.

Confira abaixo alguns deles:

“Professor Hermes, bom dia!

Não havia pensado na importância da comunicação clara dentro de casa. Sempre me preocupei em transmitir uma mensagem simples e eficaz no ambiente de trabalho, mas percebo agora que tudo começa em casa. Pequenas mudanças na forma como nos comunicamos podem fazer uma grande diferença.

Questionei o xxxxx sobre o que ele aprendeu na aula de CNV. Ele comentou que usar as palavras certas fica tudo mais fácil. Ele mencionou um vídeo de uma pessoa com deficiência visual que não conseguia arrecadar doações. Mas, após uma mulher mudar a maneira de escrever o pedido, tudo mudou, e as doações começaram a chegar.

Essas aulas têm sido fundamentais não apenas para os alunos, mas também para nós, como pais, já que estamos aprendendo junto com eles.”

“Ola..bom diaaaaa td bem?

O xxxxx tem compartilhado bastante sobre esse assunto em casa. Sempre falamos com ele sobre respeitar, ajudar, ser acolhedor...se colocar no lugar do outro para que possa tentar sentir o que o outro sente na situação.

Agradeço muito.. temos que nos movimentar muito para que possamos juntos abordar e ajudar eles nessas questões.”

“Boa tarde.

O xxxxx gostou muito da atividade de exemplificação de bullying, disse que teve de briga e outros.... Falou que é uma forma divertida de aprender o que não se deve fazer com os amigos.”


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A Importância da Neurodiversidade no Mundo Atual

Por Erica Borges - Prof. Educação Infantil

Por Prof. Erica Borges - Educação Infantil

Vivemos num tempo em que a diversidade é cada vez mais reconhecida como uma riqueza. Falamos de diversidade cultural, étnica, de gênero e, mais recentemente, de neurodiversidade. Mas o que é isso exatamente?

A neurodiversidade é um conceito que reconhece e valoriza as variações naturais no funcionamento cerebral humano. Cada pessoa pensa, sente e aprende de maneira diferente, e essas diferenças fazem parte da variedade normal da condição humana. Dentro da neurodiversidade, encontramos formas únicas de percepção, comunicação, aprendizagem, gestão emocional e interação com o mundo. Estas formas não devem ser vistas como problemas ou limitações, mas sim como maneiras diferentes de viver e compreender a realidade.

Num passado não muito distante, muitas destas diferenças eram tratadas como obstáculos a serem corrigidos. Felizmente, essa visão tem mudado. Hoje, entendemos que pessoas com diferentes estilos de pensamento têm talentos únicos, abordagens criativas e capacidades que podem enriquecer profundamente a sociedade. Num mundo que valoriza a inovação e enfrenta desafios complexos, incluir todas as formas de pensar é mais do que justo — é essencial.

Ambientes escolares e profissionais mais inclusivos e compreensivos permitem que todas as pessoas expressem o seu verdadeiro potencial. Isso não só beneficia quem tem formas de pensar diferentes, como também promove um ambiente mais humano, flexível e inteligente para todos. A diversidade de pensamento estimula soluções criativas, melhora a tomada de decisões e fortalece o espírito de equipe.

A neurodiversidade também nos leva a refletir sobre como construímos os nossos sistemas sociais. Por exemplo, muitos dos nossos métodos de ensino ou critérios de avaliação profissional foram criados para um tipo de cérebro "padrão", que na verdade não representa a maioria das pessoas. Ao ajustarmos esses sistemas para incluir diferentes formas de pensar e aprender, criamos oportunidades mais justas e acessíveis para todos.

Outro ponto essencial é o impacto da neurodiversidade na saúde mental. Quando uma pessoa é compreendida, respeitada e incluída, sente-se mais segura e confiante. Isso reduz o risco de ansiedade, depressão e isolamento social, que muitas vezes afetam quem não se sente aceito pelas suas diferenças. O apoio emocional, o acesso a recursos adequados e uma rede de empatia são fundamentais para que cada um possa desenvolver-se plenamente.

Promover a neurodiversidade também significa combater o preconceito, a desinformação e os estereótipos. Muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades simplesmente por não se enquadrarem no modelo considerado "normal". Por isso, é urgente criar espaços de diálogo, campanhas educativas e iniciativas que celebrem as diferenças em vez de as esconder.

A valorização da neurodiversidade não é apenas uma questão de inclusão; é uma poderosa forma de impulsionar o progresso coletivo. Quando damos espaço às diferentes formas de pensar, ganhamos como sociedade. Diversidade é sinônimo de inovação, e inovação é o que move o mundo.Vamos continuar a construir um mundo onde todas as mentes contam. 

O reconhecimento da neurodiversidade nos convida a uma jornada de empatia e descoberta. Cada indivíduo neurodivergente oferece uma perspectiva única sobre o mundo. Ao nos abrirmos a essas experiências, aprendemos novas formas de resolver problemas, expressar criatividade e construir conexões. A neurodiversidade nos lembra que a verdadeira beleza da humanidade reside em nossa diversidade intrínseca, e a compreensão mútua nos une, apesar das diferentes formas de pensar. Em vez de buscar uma uniformidade ilusória, celebramos a riqueza das diferenças e construímos um mundo onde cada indivíduo se sente valorizado e pertencente, investindo assim em um futuro mais inovador, inclusivo e profundamente humano.Afinal, é nas diferenças que encontramos as maiores oportunidades de crescimento.

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